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A nova Mielomeningocele

A mielomeningocele ou Espinha Bífida é uma doença grave do Sistema Nervoso Central que acomete os bebês antes do seu nascimento com o não fechamento da coluna e a exposição do tecido neurológico ao líquido amniótico e ao ambiente intrauterino. Essa exposição pode levar a danos irreparáveis nos nervos da medula e a danos motores nos membros inferiores, no quadril e nos músculos do assoalho pélvico. Também é uma porta de infecção neurológica após o nascimento.

Essa malformação da coluna permite que o Líquido Encéfalo Raquidiano ou simplesmente Líquor, líquido produzido dentro do cérebro e que protege todo o Sistema Nervoso Central, extravase através da Mielomeningocele. O extravasamento do líquor leva a uma diminuição da pressão liquórica dentro do Sistema Nervoso Central e à descida das estruturas da base do cérebro (Tronco Cerebral e Cerebelo) através do Forame Magnum, um orifício natural na base do crânio. O mal posicionamento do cerebelo e do tronco cerebral através do Forame Magnum por sua vez impede a livre circulação do líquor que passa a se acumular dentro do cérebro, causando dilatação dos ventrículos que se não tratada pode culminar com a Hidrocefalia. Essa segunda etapa desencadeada pelo acúmulo de líquor no Sistema Nervoso Central é um importante causa de mal desenvolvimento cognitivo, atraso no aprendizado, alterações na fala, risco aumentado de óbito após o nascimento e durante o desenvolvimento da criança.

A mielomeningocele por se tratar de uma doença complexa, relativamente frequente e com um forte impacto negativo sobre a vida do bebê e de toda a família, no final dos anos 80 foram realizadas as primeiras tentativas de se corrigi-la dentro do útero. Desde então várias técnicas foram propostas, mas só a partir de 2011 com a publicação do MOMS (Management of Myelomeningoceles Study) o estudo mais importante acerca do tratamento cirúrgico intrauterino para correção da mielomeningocele, é que a cirurgia fetal passou a ser a primeira escolha de tratamento no mundo.

Antes da cirurgia fetal intrauterina cerca de 95 crianças de cada 100 portadoras de Mielomeningocele evoluíam com Hidrocefalia após o nascimento. O risco de óbito após o parto era bastante elevado, seja pelas complicações da Hidrocefalia e seu tratamento, seja pelas complicações da meningite. A quase totalidade das crianças necessitavam da realização de cirurgias neurológicas para implantar um dreno dentro do cérebro e diminuir a pressão provocada pelo acúmulo de líquor. O dreno em questão requeria novas cirurgias ao longo da vida para ser reposicionado ou trocado por mal funcionamento.

Antes do advento da cirurgia fetal apenas 24% das crianças sobreviventes mantinham suas funções motoras preservadas, bem como sua capacidade de caminhar sem auxílio de órteses ou próteses. Muitas delas vieram a se tornar dependentes do uso da cadeira de rodas na vida adulta ou tiveram graves complicações da saúde decorrentes do mal funcionamento renal e das infecções urinárias recorrentes.

Após a popularização e a acessibilidade de um número crescente de gestantes à cirurgia intrauterina para correção da mielomeningocele, as estatísticas acerca das complicações causadas pela doença sofreram drásticas reduções. Impactaram reduzindo o número de recém­nascidos retidos em UTIs neonatais, o número de mortes, de crianças submetida à implantação do dreno ventrículo-peritoneal, as internações por infecções, a incidência de fístulas, a dependência de cadeira de rodas e os custos na assistência à saúde.

No entanto, a despeito da melhora nos índices de sobrevida e de qualidade de vida para essas crianças e suas famílias, criou-se uma leva de cidadãos que passaram a lidar com necessidades distintas, porque mesmo sendo a cirurgia fetal um recurso que garantiu a sobrevivência e redução das complicações globais, ela nunca foi capaz de curar definitivamente uma doença congênita. A cirurgia intrauterina para a correção da mielomeningocele, independente da técnica utilizada, não têm a capacidade de reverter integralmente os danos provocados pelo mal fechamento do tubo neural e seus desdobramentos, gerando assim uma nova doença a qual nos referimos como “Nova Mielomeningocele”.

A “Nova Mielomeningocele” é uma forma atenuada das complicações e da gravidade do defeito aberto do tubo neural. Mesmo que estatisticamente se comprove que a cirurgia intrauterina melhore a vida das crianças, essa melhora só se tronará palpável caso a criança receba uma assistência multiprofissional por toda sua vida. Pois ela continuará tendo dificuldades para caminhar, poderá sofrer de problemas urinários e intestinais, muitos terão seus desenvolvimentos cognitivos mais lentos e restritos e muitos precisarão se submeter a múltiplas cirurgias ortopédicas, urológicas e/ou neurológicas.

E quanto aos pais, sobretudo as mães?

Muitos pais relatam sentimentos ambíguos de alegria, alívio, gratidão seguidos de culpa, frustração, medo e indignação. Os pais vivem um tobogã de sentimentos e desejos desde o diagnóstico, passando pela batalha do tratamento intrauterino e pela espera angustiante até o nascimento. Muitas vezes, no afã de se garantir uma melhor condição de vida para seus filhos, a mãe se apoia na fé cega de que seu bebê será integralmente curado, se apegando muitas vezes naquela que é a exceção dos casos. Mesmo que racionalmente compreendam o “cientifiquês”, no seu íntimo reside a esperança de que tudo não passará de um pesadelo.

Os dias, semanas e meses subsequentes ao nascimento se revelam aos pais de maneira muito nua e crua. Aos poucos percebem que há muito a ser feito a partir de então. Eles carecem de uma melhor compreensão do estado geral do seu filho e sempre ficam imersos em indagações: “O que faço a partir de agora?”, “A quem devo procurar primeiro?”, “Quais exames devo realizar?”, “A quem devo entregar os resultados?”, “Qual especialista devo levar meu filho?”, “Quando devo começar a fazer fisioterapias?”, “Ele vai andar?”, “Preciso levar no ortopedista?”

Não há uma única resposta que contemple a todos os casos. Cada criança é única e cada uma responde de maneira distinta ao tratamento intrauterino, independente de qual técnica cirúrgica for utilizada. Fatores como a idade gestacional em que é realizada a cirurgia, a gravidade e extensão da lesão primária, as repercussões pré-operatórias da doença sobre o sistema nervoso central, os defeitos anatômicos associados, complicações previsíveis no ato operatório, a prematuridade extrema e a assistência perinatal podem interferir em conjunto ou isoladamente para definir o quão melhor ou pior será o prognóstico da criança. Além disso, acumula-se sobre todas as possibilidades todas as outras intercorrências comuns a quaisquer crianças durante seus desenvolvimentos.

1º Simpósio de Vitalidade Fetal da Clínica Fetali

Proposta de diagnóstico e seguimento pré-natal natal do feto com Restrição de Crescimento, causado por insuficiência placentária crônica.

O simpósio foi direcionado para o público médico, sobretudo do corpo clínico do Hospital Vila da Serra, para apresentar um protocolo de seguimento dessas gestações.

 

Assista o 1º Simpósio de Vitalidade Fetal da Fetali

Os três primeiros meses da gravidez

👥Neste período ocorre a formação dos órgãos do feto e o risco é maior de ocorrerem doenças associadas a alterações genéticas, por exemplo. 👥Por isso, é muito importante um cuidado especial nessa fase: evitar determinadas medicações e bebidas, fazer exames de imagem e todos que forem solicitados pelo seu médico.⠀

👥Também é nesta fase que ocorre a maioria dos abortos espontâneos: de 10 a 15% das mulheres abortam até a 12ª semana de gestação – geralmente decorrente, justamente, por malformações do embrião. ⠀

👥Estes eventos possuem chances de ocorrer mas poderão ser reduzidas ou remediadas com um acompanhamento periódico do seu médico. Esteja atenta aos cuidados, preservando a alegria e aproveitando todas as fases que este acontecimento merece.

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Matéria no caderno “Opinião” do Jornal Estado de Minas

Cada vez mais os casais que desejam ter um filho, ou mesmo esperam pelo nascimento de um bebê, ficam ansiosos e curiosos a respeito de questões da saúde reprodutiva, anomalias do feto, avanços da área de medicina fetal e também da perspectiva do “feto como paciente”. 

Durante séculos, os cuidados com os seres humanos estavam restritos às medidas paliativas e curativas em fase da vida após o nascimento.  Mais recentemente, esses cuidados passaram a ser preventivos e o conceito de gerenciamento de riscos passou a ser aplicado como uma maneira de se evitar doenças.

Com o desenvolvimento do conhecimento e da tecnologia, esse cuidado preventivo, propedêutico e terapêutico se estendeu para fases da vida humana antes do nascimento e até mesmo antes da concepção.  Assim, o feto passou a ser tratado como um indivíduo, com direito à vida, a cuidados e respeito. Nesse sentido, desenvolveu-se, então, a ciência destinada à compreensão do desenvolvimento humano desde a sua origem, a partir da genética, da embriologia e fisiologia fetal, do desenvolvimento físico e emocional do bebê, do seu adoecimento, da prevenção e cura de doenças intraútero, no tratamento da dor e sofrimento fetal, que é a “Medicina Fetal”.

Dentro dessa realidade, o principal desafio é o diagnóstico precoce. Ele é fundamental para a solução de muitos problemas e o grande entrave é a baixa qualidade dos exames realizados. Outro importante desafio é a universalização desse entendimento entre médicos e pacientes. O ponto central é a necessidade de universalizar o atendimento, permitindo que um maior número de bebês tenha acesso ao diagnóstico precoce de qualidade e à possibilidade de tratamento. É desafio também se permitir que bebês e pais, mesmo em situações onde a vida ou a saúde dos fetos não possam ser garantidos, tenham acesso à compreensão plena desse processo e que possam ser acolhidos com dignidade e respeito. 

A Medicina Fetal, na maioria das vezes, ajudará os bebês a saírem de condições onde não se há, em várias situações, nenhuma perspectiva de vida, para uma pequena chance de sobreviver ou de minimizar alguma sequela. Muitas vezes os pais se apegam a essas chances e cada vez mais temos tido avanços nos resultados. Nesse sentido, é importante que os pais tenham a consciência de que a realização dos exames de ultrassom de rotina na gravidez são eventos médicos e não eventos recreativos. 

É importante saberem que existe todo um raciocínio por traz da realização da ultrassonografia visando detectar sinais, indícios de anomalias estruturais ou funcionais no desenvolvimento do bebê ou da placenta. Portanto, o diagnóstico de doenças no feto requer uma “Busca Ativa” pelo profissional que realiza o exame e, o mesmo, deve ser dotado de uma bagagem teórica e prática muito profunda e sólida. Sendo assim, os pais devem pesquisar os profissionais ou serviços que conduzirão às suas gestações. Eles deverão discutir com seus médicos pré-natalistas quem serão seus ultrassonografistas e fetólogos de referência. Devem pesquisar suas habilitações junto ao CRM e dar preferência a profissionais que tenham habilitação e expertise na avaliação da saúde do feto. 

A avaliação da formação e do desenvolvimento fetal é um evento contínuo. Isso significa que o bebê deverá ser avaliado criticamente em vários momentos do seu desenvolvimento porque sua estruturação física e comportamental está em constante processo de transformação. A partir desse conhecimento é que surgirão oportunidades de tratamento, racionalização e individualização da assistência, criação de um processo logístico que poderá envolver o nascimento em maternidade especializada, equipes multiprofissionais, suporte psicológico para os familiares e o seguimento para reabilitação, reintegração à sociedade e engajamento por políticas assistenciais mais amplas, profundas e humanísticas.

Estamos investindo, para melhor servir.

🎯 A tecnologia é uma grande aliada no meu trabalho. 🎯Através dela podem ser identificadas situações em que ter a informação precisa pode ajudar tanto no diagnóstico quanto em tratamentos que envolvam a necessidade de detalhamentos, que só ela pode oferecer. Acredito no poder do conhecimento e no poder da tecnologia. Os dois podem andar juntos, equilibrando-se e complementando-se; Este é o caso deste equipamento de ultrassom de alta definição, já disponível e em funcionamento na Fetali em BH, destinado principalmente para realização de exames em gestantes e mulheres, com recursos de última geração que permitem a realização de exames 3D e 4D, HD live, Doppler, gravação de exames e avaliação da morfologia do bebê. Um aliado de peso, para que eu possa me dedicar ao que é mais relevante: fazer o melhor pela vida que este equipamento me deixa ver. #medicinafetal #ultrassonografia #drfabiobatistuta #fetali #bomdespacho #belohorizonte

Novembro Roxo – Mês da Conscientização da prematuridade

17 DE NOVEMBRO – DIA MUNDIAL DA PREVENÇÃO DA PREMATURIDADE 

PREMATURIDADE

A prematuridade é a maior causa isolada de mortalidade e morbidade neonatal.

Estima-se que nasçam cerca de 15 milhões de bebês prematuros no mundo a cada ano e cerca de 1 milhão deles morrerão antes dos 5 anos de idade. Três quartos dessas mortes poderiam ser evitadas com medidas pré-natais simples e financeiramente viáveis.(OMS-2015)

O Brasil está entre os 10 primeiros países no mundo com maior taxa de nascimentos prematuros. Estima-se que nasçam mais de 340.000 crianças prematuras no país a cada ano, ou seja, bebês com idade gestacional inferior a 37 semanas de atraso menstrual. Os nascimentos prematuros no nosso país representam cerca de 10 a 15 % de todos os nascidos vivos.(OMS-2015)

Cerca de 70% dos partos prematuros são expontâneos e a maioria dos casos ocorrem em primíparas ou em pacientes que não apresentam história de prematuridade prévia. Cerca de 30% são Iatrogênicos (DPP, Amniorexe prematura, PE, RCIU, etc) e sua incidência aumentou muito nas últimas décadas. A investigação sistemática em todas as gestantes é necessária para se selecionar o grupo de maior risco e, que portanto se beneficiarão de medidas profiláticas que reduzirão a incidência de prematuridade.

FATORES DE RISCO

Os principais fatores de risco e que apresentam maior RR (risco relativo) podem ser classificados como:

  • Parto prematuro prévio
  • Intervenções sobre o colo uterino
  • Infecções uterinas
  • Hemorragias durante a gestação
  • Sobredistensão do útero – Gestações múltiplas e poli-hidrâmnio
  • Estresse materno e fetal
Fator de risco e seu Odds Ratio

O COLO UTERINO

A medida do colo uterino, realizada pela via transvaginal, é o dado objetivo, quantitativo, obtido durante a gestação que isoladamente tem maior sensibilidade e especificidade na previsão do parto prematuro. Seu comprimento tem relação inversa com a probabilidade de um nascimento prematuro.

A população de paciente primigestas ou sem fatores de riscos óbvios em determinada população se beneficiam do rastreamento sistemático já que cerca de 10% da população de baixo risco tem o colo curto (Menor ou igual a 2,5 cm). Gestantes com o colo curto apresentam de 6 a 14 vezes mais chances de evoluir com parto prematuro.

COMPRIMENTO

CERVICAL (MM)
PERCENTILRISCO RELATIVO

PARTO PREMATURO
INTERVALO DE

CONFIAÇA
< 35502.351.42 a 3.89
< 30253.792.32 a 6.19
< 26106.193.84 a 9.97
< 2259.495.95 a 15.15
< 12113.997.89 a 24.78

A medida do colo na população de Baixo Risco deve ser realizada sistematicamente entre 18ª e 24ª semanas de gestação, período que coincide com janela para a avaliação morfológica do feto. Gestantes com medida de colo menor ou abaixo que o percentil 10, o que corresponde a 25 mm, se beneficiarão com o uso de progesterona até o final da gestação, podendo reduzir assim a incidência de Parto Prematuro Espontâneo em até 40%.

Em populações sabidamente de Alto Risco através da história clínica e obstétrica, deve-se iniciar o uso da progesterona no final do terceiro mês, após a primeira avaliação morfológica de 1º trimestre (Exame de Translucência Nucal).  Nessa população, sobretudo naquelas com aborto tardio, parto prematuro extremo e/ou história fortemente sugestiva de Incompetência Istimo Cervical, recomenda-se além do uso precoce da progesterona a avaliação seriada do colo uterino a partir da 16ª semana, a cada 15 dias, até a 24ª semana de gestação com Ultrassonografia Transvaginal no intuito de detectar encurtamento extremo do colo abaixo de 20 mm e dilatação funicular do Orifício Interno do colo. Tais situações necessitarão de medidas mais contundentes, como Cerclagem ou Pessário, que apesar de algumas controversas na literatura, têm apresentado resultados benéficos para o bebê.


TÉCNICA ULTRASSONOGRÁFICA PARA MEDIR O COLO UTERINO NO 2º TRIMESTRE

PROGESTERONA VAGINAL NA PREVENÇÃO DO TRABALHO DE PARTO PREMATURO

Progesterona na Prevenção de Trabalho de Parto Prematuro

PROTOCOLO PARA RASTREAMENTO DO RISCO DE PARTO PREMATURO E PREVENÇÃO

Protocolo sugerido na aula de revisão de prematuridade do Dr Fábio Peralta

Bibliografia

Medida Longitudinal do colo uterino na predição do parto prematuro espontâneo

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Fetali e Vila da Serra

 

A Clínica Fetali Medicina Fetal e Ultrassonografia e o Hospital Vila da Serra se unem para formar um Centro pioneiro de Diagnóstico Fetal Avançado e Terapêutica Fetal.

Estamos preparados para a realização de cirurgias fetais de grande porte como a Correção da Mielomeningocele fetal pré-natal e para a realização de diversos procedimentos de menor porte como Transfusões sanguíneas fetais, correção da Válvula de Uretra Posterior, colocação de drenos fetais diversos, implantação de pessários na prevenção do parto prematuro e realização de procedimentos diagnósticos invasivos.

Cirurgia fetal intraútero para correção da mielomeningocele: êxito no Hospital Vila da Serra

Êxito com o nascimento de Pérola e Brenda.

A cirurgia fetal intraútero para correção de mielomeningocele, também conhecida como espinha bífida, apresenta novo êxito no Hospital Vila da Serra, Nova Lima, Minas Gerais. Depois do nascimento de Pérola, no dia 31 de julho, nasceu, agora, Brenda, no dia 15 de agosto, para grande alegria de seus pais e da equipe que realizou ambos os procedimentos cirúrgicos.

O cirurgião fetal Fábio Batistuta de Mesquita: “tivemos resultados obstétricos e neurológicos acima da média”

É importante destacar a felicidade dos pais de Pérola, Walkiria Flaviana de Oliveira Mendes, de 32 anos, e Peter Martins, 37 anos. E dos pais Brenda Daniele Cristina da Silva, de 30 anos; e Rilder Andrade das Chagas Silva, de 29 anos, pela superação de todas as dificuldades e riscos da gestação em casos como esse. Os casais são respectivamente das cidades de João Monlevade e Pedra do Indaiá, interior de Minas Gerais.

O cirurgião fetal Fábio Batistuta de Mesquita, que acompanhou as duas histórias, vê com muito otimismo os resultados das cirurgias para correção de Mielomeningocele intraútero realizadas. “Primeiramente, porque conseguimos reproduzir com êxito a técnica de “Peralta” que, comprovadamente, tem mostrado os melhores resultados neurológicos para o bebê e excelente relação de “risco x benefício” para a gestante. Também porque tivemos resultados obstétricos e neurológicos acima da média, com gestações ultrapassando as 37 semanas sem complicações, o que nos permitirá beneficiar as pacientes provenientes de todo o estado de Minas Gerais e estados vizinhos, com um padrão de assistência semelhante aos melhores centros de tratamento fetal do mundo”.

Segundo ele, “o êxito das cirurgias se dá graças ao pioneirismo da instituição, que dispõe de toda a estrutura necessária e de uma equipe multidisciplinar especializada para corrigir, durante as primeiras semanas da gestação, um grave problema de má formação do feto, realizando a cirurgia dentro do útero da mãe.

Entenda – Até a oitava semana de gestação, acontece o fechamento do sistema nervoso e da coluna do bebê. Naqueles que são diagnosticados com mielomeningocele, esse processo não acontece naturalmente e os nervos ficam expostos.

“A malformação ocorre na região lombar e essa abertura na coluna pode comprometer o desenvolvimento psicomotor da criança ao longo de toda a vida”, explica o cirurgião fetal e coordenador da equipe multidisciplinar especializada nesse procedimento, Dr. Fábio Batistuta de Mesquita.

A exposição das raízes nervosas do bebê faz com que o líquido produzido no cérebro extravase pelo orifício da medula, o que reduz a pressão intracraniana da criança. Sem correção, a doença pode levar a casos de hidrocefalia, má formação de nervos e neurônios e problemas locomotores variados. Existe, ainda, o risco de dificuldades na função da bexiga e do intestino, explica.

Como funciona – Geralmente, a cirurgia, baseada na “Técnica de Peralta”, desenvolvida pelo cirurgião fetal Professor Doutor Fábio Peralta, é realizada entre a 19ª e a 26ª semanas da gestação, quando o cérebro está em processo de formação. Assim, reduz-se o risco de complicações maternas e é possível prolongar a gravidez até aproximadamente a 37ª semana. O procedimento também impede que os danos iniciais se agravem, já que o líquido amniótico tem uma ação corrosiva sobre os nervos expostos.

A mielomeningocele é a única má formação fetal não letal, que tem indicação de cirurgia intraútero, realizada antes do nascimento do feto. Existe farta bibliografia médica que comprova que esse procedimento reduz a necessidade de tratamentos depois do nascimento. “A cirurgia também dobra as chances da criança andar sem o uso de próteses e órteses e reduz em 80% a necessidade de se colocar a válvula no cérebro, para reduzir a pressão intracraniana, devido a hidrocefalia”, enfatiza o Dr. Fábio.

A equipe do Hospital Vila da Serra, responsável pela cirurgia fetal, nos dois casos, é composta pelos seguintes médicos: cirurgião fetal, Dr. Fábio Batistuta de Mesquita; fetólogo auxiliar, Dr. Francisco Eduardo Lima; obstetra do alto risco, Dr. Luiz Guilherme Neves; neurocirurgião pediátrico, Dr. José Aloysio Costa Val; neurocirurgião auxiliar, Dr. Leopoldo Mandic; anestesista, Dr. Rodrigo Bernardes; 2º anestesista, Dra. Mariana Rajão, e microcirurgia plástica, Dra. Vivian Lemos.

Acompanhamento HVS – Da mesma forma em que os casos têm sido acompanhados no pré-natal, depois do nascimento, o bebê continuará a receber um atendimento especial, já que o tratamento terá continuidade. De acordo com o cirurgião, a ideia é implantar um Centro de Referência de Cirurgia Fetal no Hospital Vila da Serra para garantir que as pacientes sejam tratadas em Minas Gerais.

Fonte:

Após cirurgia inédita em Minas, nasce bebê operado dentro do útero – Gerais – Estado de Minas

A bebê Pérola Mendes Martins apresentou má formação fetal nas primeiras semanas de gravidez, mas cirurgia pioneira conseguiu corrigir o problema que poderia te
— Ler em www.em.com.br/app/noticia/gerais/2018/08/07/interna_gerais,978751/apos-cirurgia-inedita-em-minas-nasce-bebe-operado-dentro-do-utero.shtml

Entrevista na TV Canção Nova

Jornal Hoje em Dia – Nascimento de Pérola