
PREMATURIDADE
A prematuridade é a maior causa isolada de mortalidade e morbidade neonatal.
Estima-se que nasçam cerca de 15 milhões de bebês prematuros no mundo a cada ano e cerca de 1 milhão deles morrerão antes dos 5 anos de idade. Três quartos dessas mortes poderiam ser evitadas com medidas pré-natais simples e financeiramente viáveis.(OMS-2015)
O Brasil está entre os 10 primeiros países no mundo com maior taxa de nascimentos prematuros. Estima-se que nasçam mais de 340.000 crianças prematuras no país a cada ano, ou seja, bebês com idade gestacional inferior a 37 semanas de atraso menstrual. Os nascimentos prematuros no nosso país representam cerca de 10 a 15 % de todos os nascidos vivos.(OMS-2015)
Cerca de 70% dos partos prematuros são expontâneos e a maioria dos casos ocorrem em primíparas ou em pacientes que não apresentam história de prematuridade prévia. Cerca de 30% são Iatrogênicos (DPP, Amniorexe prematura, PE, RCIU, etc) e sua incidência aumentou muito nas últimas décadas. A investigação sistemática em todas as gestantes é necessária para se selecionar o grupo de maior risco e, que portanto se beneficiarão de medidas profiláticas que reduzirão a incidência de prematuridade.

FATORES DE RISCO
Os principais fatores de risco e que apresentam maior RR (risco relativo) podem ser classificados como:
- Parto prematuro prévio
- Intervenções sobre o colo uterino
- Infecções uterinas
- Hemorragias durante a gestação
- Sobredistensão do útero – Gestações múltiplas e poli-hidrâmnio
- Estresse materno e fetal

O COLO UTERINO
A medida do colo uterino, realizada pela via transvaginal, é o dado objetivo, quantitativo, obtido durante a gestação que isoladamente tem maior sensibilidade e especificidade na previsão do parto prematuro. Seu comprimento tem relação inversa com a probabilidade de um nascimento prematuro.
A população de paciente primigestas ou sem fatores de riscos óbvios em determinada população se beneficiam do rastreamento sistemático já que cerca de 10% da população de baixo risco tem o colo curto (Menor ou igual a 2,5 cm). Gestantes com o colo curto apresentam de 6 a 14 vezes mais chances de evoluir com parto prematuro.
COMPRIMENTO CERVICAL (MM) | PERCENTIL | RISCO RELATIVO PARTO PREMATURO | INTERVALO DE CONFIAÇA |
< 35 | 50 | 2.35 | 1.42 a 3.89 |
< 30 | 25 | 3.79 | 2.32 a 6.19 |
< 26 | 10 | 6.19 | 3.84 a 9.97 |
< 22 | 5 | 9.49 | 5.95 a 15.15 |
< 12 | 1 | 13.99 | 7.89 a 24.78 |
A medida do colo na população de Baixo Risco deve ser realizada sistematicamente entre 18ª e 24ª semanas de gestação, período que coincide com janela para a avaliação morfológica do feto. Gestantes com medida de colo menor ou abaixo que o percentil 10, o que corresponde a 25 mm, se beneficiarão com o uso de progesterona até o final da gestação, podendo reduzir assim a incidência de Parto Prematuro Espontâneo em até 40%.
Em populações sabidamente de Alto Risco através da história clínica e obstétrica, deve-se iniciar o uso da progesterona no final do terceiro mês, após a primeira avaliação morfológica de 1º trimestre (Exame de Translucência Nucal). Nessa população, sobretudo naquelas com aborto tardio, parto prematuro extremo e/ou história fortemente sugestiva de Incompetência Istimo Cervical, recomenda-se além do uso precoce da progesterona a avaliação seriada do colo uterino a partir da 16ª semana, a cada 15 dias, até a 24ª semana de gestação com Ultrassonografia Transvaginal no intuito de detectar encurtamento extremo do colo abaixo de 20 mm e dilatação funicular do Orifício Interno do colo. Tais situações necessitarão de medidas mais contundentes, como Cerclagem ou Pessário, que apesar de algumas controversas na literatura, têm apresentado resultados benéficos para o bebê.
TÉCNICA ULTRASSONOGRÁFICA PARA MEDIR O COLO UTERINO NO 2º TRIMESTRE

PROGESTERONA VAGINAL NA PREVENÇÃO DO TRABALHO DE PARTO PREMATURO
PROTOCOLO PARA RASTREAMENTO DO RISCO DE PARTO PREMATURO E PREVENÇÃO
