Incongruência

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Incongruência

 

Observo no consultório que muitas situações onde há sofrimento e doença são precedidas por alguma crise interna ou externa no sistema de crença e valores da cliente.

As crises externas ocorrem quando visões de mundo e percepções da realidade divergem entre as pessoas que dividem o mesmo convívio. Nestes casos vale a máxima que gosto, religião e futebol não se discute.

As crenças e valores moldam e dão sentido às nossas vidas. Surgem a partir de modelos de mundo diferentes onde nasce a pluralidade de interesses, políticas, religiões e as motivações da humanidade. Os valores nos dão motivação e orientação e quando as pessoas comungam com o maior número de valores possíveis, menores serão as chances de conflitos.

As crises internas são aquelas originadas quando nossos comportamentos, tanto verbais quanto não verbais, não sustentam nossos objetivos. Surgem a partir de fissuras e contradições nos nossos interesses e nas nossas atitudes (E nas faltas delas também!). Então surgem situações como: -Não existe afeto em nossa relação no entanto dormimos na mesma cama! O parto natural é melhor para a criança e mais seguro para a mãe, mas desejo cesariana! Quero dar o "melhor" para os meus filhos e portanto trabalho fora o dia todo (Só os vejo aos finais de semana)!…

O sinergismo de crenças e valores é o que nos conduz a comportamentos e atitudes firmes e seguras. Nos enche de auto-estima e poder. É o que sustenta os nossos sonhos e nos aponta os caminhos para realizá-los. Quando tomamos uma decisão e nos sentimos congruentes sabemos intimamente que podemos seguir adiante.

Um exemplo claro é quando uma mulher em determinado momento da sua vida sente necessidade de estabilidade, porque para vivenciar a maternidade é preciso ter a sensação de segurança. Atingido esse objetivo, há o ritual da entrega e a expressão plena da sua sexualidade. Nessa ambiência, no espaço criado entre dois seres inteiros que comungam da mesma energia, a mulher pode ter a pura experiência de regozijo. Ao perceber-se grávida, a mulher depara-se com a primeira quebra da fina linha que mantém o equilíbrio desse sistema, é nesse momento onde a incongruência ou a falta de segurança, pode levar o indivíduo ao sofrimento.

Ouço frequentemente: – Tenho medo que algo dê errado! Tenho medo de sofrer! Eu não sou capaz disso. Eu não nasci para ser mãe. As pessoas falam que o parir é muito difícil! Eu não suportarei a dor do parto!… No íntimo de cada um de nós existem facetas com diversos interesses, valores diferentes, propósitos diferentes e que se digladiam frequentemente. A maneira como administramos e conciliamos criativamente os variados lados da nossa personalidade é que modificam as nossas capacidades para perseguirmos nossos objetivos.

 

 

Dr. Fábio Batistuta de Mesquita

16 de Agosto de 2010.

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